Guilherme Batistuti distribuem canecas de plástico
para calouros da Unicamp (Foto: Diogo Furlan)
Anaísa CatucciDo G1 Campinas e Região
Em busca de relações solidárias, os veteranos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Campinas) desenvolvem nesta primeira semana de aulas atividades diferenciadas para recém-ingressos, na tentativa de evitar práticas cruéis e humilhações. As duas instituições proíbem o trote nas dependências estudantis. No entanto, para não perder o tradicional "rito de passagem" os universitários desenvolvem ações de cara limpa e com atividades voltadas para a comunidade fora dos muros acadêmicos.
“Tinha pavor em ser obrigado a ser um ‘bixo’. Nunca tive o sonho de pintar o rosto e raspar o cabelo”, explica o estudante Guilherme Ribeiro Batistuti, de 19 anos, de Araraquara(SP), que faz o curso de Engenharia Química, na Unicamp. Mas ao contrário do que temia, quando chegou à instituição e foi proposto o “Trote da Cidadania”, houve uma mudança de pensamento. “Participei de uma atividade em uma cooperativa de reciclagem. Até então, desconhecia como funcionava e quais eram os problemas que a comunidade tinha”, explica.
Desde a visita, Batistuti se interessou pelo projeto desenvolvido pelos universitários há 11 anos e neste ano participa da comissão para receber os calouros. Com isso, o universitário leva a mesma estratégia da promessa de que poderiam se praticar os mesmos atos com os novatos do ano seguinte e espera que os calouros gostem da experiência. “O trabalho desenvolvido por eles mudou minha forma de ver a vida e espero que os novatos tenham experiências positivas”, disse.
Para o aluno Diogo Furlan, de 20 anos, do curso de Engenharia Mecânica, da Unicamp, que também integra a equipe de recepção, considera a ação ligada às questões socioambientais uma forma de integração com os novos alunos. “Não considero atividades como essas nem um pouco 'caretas', chatas ou qualquer coisa do gênero. São ações muito importantes e, quando bem feitas, geram um bem enorme”, explica. Entre os atos de cida dania, o universitários distribuem canecas para substituir o uso de copos plásticos. Pelo conjunto de atitudes, o “Trote da Cidadania” já foi premiado três vezes pela Fundação Educar Dpaschoal.
Estudantes da PUC durante o "Trote Solidário" na edição de 2012 (Foto: Jeferson Batista/ Arquivo pessoal) “Trote é interação e ações positivas ajudam a aprender a ter solidariedade e também a se relacionar com outras pessoas”, define o estudante Jeferson Batista, de 18 anos, de São João da Boa Vista (SP), do curso de Jornalismo da PUC-Campinas. A instituição desenvolve atividades para os novatos em parceria com os diretórios de estudantes por meio do “Trote Solidário” há 15 anos.
A ação surpreendeu a universitária Bruna Gomes, de 18 anos, de Sorocaba (SP), também do curso de Jornalismo, que não esperava o contato com atividades envolvendo fotografia e crianças. “Fomos conhecer uma escola pública e por meio da fotografia feita pelos próprios alunos conseguimos despertar o reconhecimento e o interesse na valorização do espaço e os materiais escolares”, afirma. Bruna explica também que desde entrar no ônibus até os abraços das crianças foram importantes para desenvolver os laços de amizade dentro da faculdade e também intensificou o interesse por desenvolver trabalhos voluntários.
Serviço
O “Trote da Cidadania”, na Unicamp, ocorre até o dia 1º de março envolvendo temas sobre água, mídia, vida universitária e ciência. As atividades ocorrem em diversos locais, mas todas iniciam às 8h no estacionamento da Biblioteca Central. A programação completa está disponível no site.
Os alunos da PUC-Campinas podem participar das atividades do “Trote Solidário” até abril. O ponto de encontro é no estacionamento atrás da Praça de Alimentação no Campus I. O cronograma está disponível no portal da instituição.
Ação feita pelos estudantes da PUC visitou uma escola pública de Campinas (Foto: Bruna Gomes)