quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Arquitetura da UnB vai acabar com o trote sujo

O Centro Acadêmico da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (CAFAU) decidiu acabar com o trote sujo. O presidente do CA, Octávio Sousa, visitou as salas de aula dos 1° e 2° semestres para sugerir aos estudantes uma atividade de revitalização de algum espaço público de Brasília como forma de integração e boas-vindas aos novos estudantes. "As pessoas do primeiro semestre ainda não receberam o trote, e isso seria feito agora, no final do semestre", conta o presidente do CAFAU. A ideia é fazer uma recepção conjunta com os calouros do 1º semestre de 2011.

"Nós queremos acabar com a cultura do trote com tinta, farinha e de pedir dinheiro no sinal. Percebemos que isso está ultrapassado e pensamos em algo que tenha a ver com o nosso curso", explicou Octavio. Os veteranos aprovaram a recomendação, embora achem divertido o trote que sempre ocorreu na FAU. Thaís Lacerda e Amanda Brasil, alunas do 2º semestre, contam que quando receberam o trote não se sentiram humilhadas e gostaram de participar. "Foi muito gostoso e divertido. Teve integração e não foi de maneira nenhuma traumático", conta Thaís.

Amanda aprovou a ideia e conta que uma das alternativas para o novo trote será pintar uma das passarelas subterrâneas do Plano Piloto. "Pelo que sei, terá muita gente envolvida e vai ser interessante porque é uma atividade que tem ligação com o nosso curso", afirma. Ela torce para que o novo trote seja adotado definitivamente. "Isso vai depender da decisão das próximas turmas", afirma.

A caloura Fernanda Moraes está aliviada com a sugestão do CAFAU. Ela ainda não recebeu o trote e gostou da ideia de interagir com os calouros de outra maneira. "Eu acho que o trote deveria ser uma atividade de integração para que a gente realmente conheça os outros estudantes", afirma.

Mel Gallo, coordenadora-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE), parabenizou a atitude da FAU. Para ela, o novo trote não acaba com o rito de passagem e mantém a aproximação entre calouros e veteranos. "Sem dúvida foi uma ótima alternativa. Não perde a ideia de rito de passagem, que também é muito importante", opina.

O reitor José Geraldo de Sousa Junior também recebeu a notícia com alegria. "Esses estudantes são portadores de uma consciência criativa, transformadora e emancipatória, sem perder a capacidade lúdica e de acolhimento", afirma. "Isso mostra que a universidade tem a percepção de que novas práticas podem ser criadas a partir desse diálogo educador".

CENTROS ACADÊMICOS – Levantamento da UnB Agência publicado em outubro de 2010 mostra que, de 39 Centros Acadêmicos da UnB, 20 recebem os calouros com trotes sujos. O CA de Administração (CAADM) também discute alternativas ao trote sujo. A ideia é fazer uma espécie de mediação entre o que pode ou não pode ser feito na hora do trote. "Ainda não decidimos se realmente é preciso, porque o trote na Administração é sempre tranquilo, só com tinta e farinha", explica Jéssica Monteiro, diretora de eventos do CAADM.

Ela conta que os alunos podem decidir se vão participar do trote. "Os calouros que participam ganham desconto ou não pagam nada para participar do nosso churrasco. Aqueles que não participam pagam mais, mas não são excluídos durante o curso", conta.

Na Engenharia Mecânica os calouros pagam pelo trote. São R$ 15 para a compra de tintas, ovos e cervejas – que só os veteranos podem beber. Na última sexta-feira, 21 de janeiro, 22 calouros levaram trote. "Nós sujamos eles com tinta e fizemos uma corrida de carrinho de rolimã. A cerveja só os veteranos bebem", conta João Arthur Raivel, membro do CAMEC. Segundo ele, a atividade ocorre com autorização dos diretores da Faculdade de Tecnologia e do curso de Engenharia Mecânica.

Já o CA de Biologia (CABIO) organiza dois trotes. O primeiro começa com um almoço no Restaurante Universitário e depois segue para brincadeiras como guerra de cotonete ou futebol de sabão. O almoço é pago pelo CA ou cada veterano paga para um calouro. "Esse almoço facilita a nossa integração com os novos alunos porque a gente acaba sentando perto e tem tempo para conversar", conta Mariana Fernandes, diretora do CABIO.

O trote solidário é a segunda etapa da recepção. No próximo final de semana, entre os dias 28 e 30 de janeiro, os calouros montarão acampamento na Fazenda Água Limpa (FAL). O ônibus sai às 17 horas do final do ICC Sul. Os estudantes pagam R$ 20 pelo transporte, alimentação e material das oficinas que ocorrem durante o encontro. "Eu não faço trote sujo porque não gosto que me sujem. Esse tipo de trote não promove nenhuma relação com o curso, nem integração entre os alunos", afirma Mariana.



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