terça-feira, 22 de março de 2011

Três em cada dez jovens não se preocupam em poupar água

Cerca de 35% dos jovens com menos de 18 anos afirmam que não evitam o desperdício de água ou fazem isso raramente. Os números soam como um alarme no Dia Mundial da Água, comemorado hoje.

A boa notícia é que, com o avanço na faixa etária, surgem posturas mais sustentáveis. Entre pessoas com idades entre 19 e 35 anos, uma em cada cinco afirmou não se importar com a economia de água. Na faixa de 36 a 60 anos, 27,4% disseram-se preocupadas com o desperdício.

E quem tem mais de 60 anos mostra-se ainda mais consciente: 56,3% deles dizem que sempre economizaram água. Os dados fazem parte de uma pesquisa realizada pela Faculdade Fabavi Doctum.

Para o coordenador do estudo, o professor Paulo Cezar Ribeiro, os números surpreendem. "Ter 34,1% dos jovens que não se preocupam com a questão da água é triste. A juventude está fraca quando o tema é educação ambiental", opina.

Ele ressalta que 59,6% das pessoas dizem que contribuem de alguma forma para o uso racional da água, mas admitem que ainda não é ideal.

A pesquisa foi realizada em fevereiro com moradores de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica. Os dados foram coletados pelos novos alunos da faculdade, e a análise feita por veteranos, membros da Empresa Júnior, sob supervisão do professor.

Atitudes simples, como passar menos tempo no banho, indicam o quanto a população está disposta a se sacrificar para garantir a manutenção de um recurso indispensável. Pouco mais de 30% das pessoas não têm o hábito de fechar o chuveiro para se ensaboar, e 37% tomam banhos com duração de mais de 10 minutos. Por outro lado, só 13% não aceitariam reduzir em nem um minuto o tempo sob o chuveiro para beneficiar a natureza.

"Se as pessoas decidirem reduzir o tempo no banho em um minuto já é uma boa notícia. Espero que o hábito de poupar água seja mais comum. É tão importante quanto respeitar o sinal de trânsito, evitar desperdício de energia, não beber e dirigir", defende o presidente da Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan), Neivaldo Bragato.

Ele enfatiza que cada pessoa consome aproximadamente 180 litros de água por dia no Estado. O recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é 100 litros por dia.

Consciência

20,8%da população - Essa é a porcentagem da população da Grande Vitória que afirma sempre ter economizado água. O índice é de 19,2% entre as mulheres e 22,5% entre os homens.

Punir quem consome demais é uma alternativa

Investir em campanhas educativas, tecnologia e na cobrança diferenciada da água são algumas sugestões do presidente da Cesan, Neivaldo Bragato, para combater o desperdício.

"A água é muito barata no Brasil. Uma das possibilidades para frear o consumo seria penalizar quem a utiliza acima da média. Não há projetos nesse sentido, mas é uma alternativa que deve ser estudada com carinho. O investimento em tecnologia também é importante. Há pouco tempo se tornou comum a descarga sanitária que utiliza menos água. É um aprendizado", diz.

Segundo ele, o Estado sofre com dois tipos de problemas relacionados com o abastecimento: quando chove demais e a lama de rios assoreados é captada em excesso; e quando chove pouco, diminuindo a oferta do recurso. "A água é um bem finito. A médio e longo prazo, a falta de água vai afetar a todos nós. Por isso precisamos do investimento em campanhas educativas", afirma Bragato.

Análise

"O recurso hídrico é um bem finito"
Antônio Sérgio Ferreira Mendonça - Professor da Ufes, pós-doutor em Engenharia de Recursos Hídricos

O recurso hídrico é um bem finito. Só com a educação ambiental é possível convencer a população a não desperdiçar água. Se as pessoas gastarem demais, outras vão ficar sem. E não é uma preocupação apenas futura. Precisamos de água todos os dias, embora chova mais em alguns do que em outros. O desperdício faz com que o rio seque durante o período de poucas chuvas. Temos exemplos concretos. O Córrego do Jabuti, que abastece Guarapari, por exemplo, recebia uma grande demanda e, num trecho de captação baixa, secou. Dezenas de outros córregos secam em períodos de pouca chuva, principalmente, no Norte do Estado. Há município onde o Ministério Público chegou a intervir para reduzir a captação de água para a irrigação, senão faltaria á gua. Entre 1996 e 2001, choveu pouco, e chegou a haver apagão de energia, porque a água nas hidrelétricas diminuiu. A gente não sabe quando esse tipo de coisa vai acontecer.

Torneira fechada e mente aberta para a economia

A estudante Laís Sandoval Loureiro, 15 anos, faz parte do grupo de adolescentes que se preocupam com o consumo sustentável da água. Desde pequena ela saía com a prima, distribuindo panfletos sobre a importância da preservação desse recurso. "Mais de 95% da água do mundo é salgada. Outros 2% da água doce estão em geleiras, apenas 1% é potável", diz, provando que o discurso da época ainda está na ponta da língua. Hoje, a preocupação com ambiente vai além das palavras. "Fecho as torneiras quando vou escovar os dentes e lavo varanda com balde, por exemplo", exemplifica a jovem. 

Fonte: Gazeta Online

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